A aventura editorial de Megaman no Brasil

A série de jogos protagonizada pelo simpático robozinho azul foi responsável pelo surgimento de revistas no país.






Novas Aventuras de Megaman



Em 1997, o SBT exibia a série animada Mega Man (1994-1995), produzida em co-produção pela Ruby-Spears, Ashi Productions, Ocean Productions e The Summit Media Group. A série inspirada na franquia de games da Capcom estreou no ano anterior. O SBT já exibia outras séries inspiradas em jogos da produtora japonesa: Street Figher II-V e Street Fighter - The Animated Series.


No mesmo ano, a Panini publica o álbum Game Collection.




Os editores da revista Animax, publicada pela Magnum, Sergio Peixoto Silva e José Roberto Pereira (10/03/1964- 09/02/2012) resolvem lançar uma HQ em estilo mangá baseada no robô azul. O contrato foi assinado com a Character Comércio e Serviços  (uma empresa que licenciava diversas marcas, como os quadrinhos da DC Comics) e a Romstar do Brasil (representante da Capcom no país). Enquanto negociavam os direitos, a Character chegou a oferecer um mangá original. A dupla, no entanto, optou por lançar um mangá totalmente produzido por artistas nacionais (que desenharam as histórias sem serem remunerados). A primeira edição trazia roteiro de José Roberto e arte de de sua esposa, Marcia Harumi Saito. A história foi colorida digitalmente - uma raridade na época. O enredo se passa no futuro e tem como cenário, a cidade de São Paulo. O designer criado por Harumi se baseava  na série animada.
Novas Aventuras de Megaman #1 arte de Paulo Henrique Marcondes
Em entrevista ao canal da WarpZone, Peixoto explicou a origem da revista:




Na história inicial, Mega aparece sem capacete - o herói acabou não usando mais o acessório. Na edição seguinte, a HQ foi desenhada por Daniel HDR, ( embora já fosse um profissional desde os 14 anos, inclusive sendo desenhista da Marvel Comics na época), Marcos Pinto e Alexandra Teixeira Rosso, a  Lady Shampoo (na época, namorada de Daniel). Também nessa edição, José Roberto introduz o Megaman X, descrito como um "irmão de Megaman", algo que também existia na série animada (mais precisamente no penúltimo episódio "Mega X", enquanto que nos jogos da Capcom, ambos nunca se encontraram) e uma criação sua, a elfa Princesa de um projeto de livro chamado Os Elementais (a personagem já havia aparecido em uma história curta na Japan Fury da Sampa e aparecia na sessão de cartas da Animax). Na edição 4, é a estréia de Érica Awano no mercado de quadrinhos (embora não tenha sido sido remunerada). Nessa história, José Roberto, estabeleceu que Roll era uma espécie de cyborg, tendo sido construída com partes de corpos de meninas órfãs. José pode ter inspirado no mangá Alita Battle Angel de  Yukito Kishiro (1991-1995), que conta a história de uma cyborg chamada Alita, o próprio editou o título em 2002 pela Opera Graphica, o mangá foi publicado sem qualquer licenciamento, posteriormente, teve publicação oficial pela JBC.





Página de Alita Battle Angel

Na edição #6, José Roberto se desliga da Magnum e deixa as revistas Animax e Megaman - o roteiro dessa edição ficou a cargo de Sergio Peixoto.  Na edição seguinte, Orlando Tosetto Junior traz de volta a Princesa e a coloca numa vila. Anos mais tarde, no fórum MBB, José Roberto revela que sua ideia era que Princesa destruísse todos os robôs. Na edição seguinte ao fato, a revista passaria a se chamar: "Novas Aventuras de Megaman Apresenta: Os Elementais". Outros personagens dos games foram adicionados como Nastenka e Bass (erroneamente chamado de Slasher). A revista durou 16 edições - a editora ainda publicaria quatro edições "encalhernadas", contendo 4 edições cada. As capas usavam artes oficiais da Capcom.

megaman magnum
Anuncio da versão encadernada publicado na revista Animax.


Além de Paulo Henrique, Alexandra e Érica, foram revelados Lydia Megume Oide, Leonardo Ono, Sidney Lima,  André Luis Felipe (Alf - Alfloptrecus Malucu), Fabio Paulino Nunes,  Roberto Amaral do Nascimento Júnior, Rogério Hanata (um desenhista que aparecia em sessões de cartas e concursos de várias informativos da época, na Animax, e que desenhou alguns dos "Casais Animax"),  Eduardo Francisco, Rafael Picardt e Eduardo Müller.  

Daniel HDR teria outras oportunidades com o estilo mangá: Em 2001, desenhou uma HQ de Digimon publicada nos EUA pela Dark Horse (no Brasil foi publicada uma versão coreana pela Editora Abril). Ainda no Brasil, ilustrou para a Mythos Editora, as HQs Brasimon e Dragon War, inspiradas respectivamente em Digimon e Dragon Ball Z.  No ano seguinte, criou o concept art da Demolidora (uma versão feminina do Demolidor) para o Marvel Mangaverse, porém, a personagem não chegou a ser publicada, em 2003, desenhou a mini-série Dungeon Crawler, escrita por Marcelo Cassaro e publicada em 4 edições pela Mythos, em 2013 ganhou uma versão encadernada pela Jambô. 


Defensores de Tóquio

Em 1998, Marcelo Cassaro, editor da revista Dragão Brasil da Trama, consegue a licença das franquias de vídeo games para usar como cenários de campanha da terceira edição do RPG Defensores de Tóquio: Street Fighter,Mortal Kombat, Darkstalkers e Megaman, esse último publicada na edição 14 de Dragão Brasil publicada em Junho de 1999. A adaptação para o sistema foi feita pelo próprio Casssaro e por João Paulo "Crazy Boy" Nogueira. A revista usou ilustrações oficiais da Capcom e artes de Eduardo Francisco e Rodrigo Reis. 





Defensores de Tóquio
Dragão Brasil Especial #15 (1998), capa de Eduardo Francisco.



A edição 49 da Dragão Brasil apresentou uma adaptação de outro jogo da Capcom que envolve robôs, esse protagonizado por mechas (robôs gigantes): Cyberbots: Full Metal Madness, a adaptação foi feita Guideno, Skyfox e o próprio Marcelo Cassaro, a mesma edição trazia anúncios da adaptação de Megaman e Darkstalkers.










Em 1999, na edição 46 da revista Animax, Sergio Peixoto anuncia uma nova HQ de Megaman, dessa vez baseada em Megaman X. A revista seria publicada pela editora carioca Shalon e teria roteiros de Peixoto e arte de Rogério Hanata, porém, após duas edições da Animax, a editora fechou as portas e, por conta disso, o projeto engavetado.






Megaman NT Warrior















Em 2004, o canal por assinatura Jetix exibe o anime Megaman NT Warrior, baseado no jogo Mega Man Battle Network de 2001. Em 2005, a série passa a ser exibida na Rede Globo. A série guarda semelhanças com Digimon e Tron, onde Megaman é controlado em um mundo digital por um garoto chamado Lan Haki, dentro de uma NatNavi (que se parece com game portátil).











Ao mesmo tempo em que a Globo começou a exibir a série, a Panini Comics lança o mangá homônimo, produzido por Ryo Takamisaki entre 2001 e 2006, na revista japonesa CoroCo Comic. A editora publicou, até 2006, seis volumes (o que equivale a 3 volumes dos 13 publicados no Japão). Ainda em 2006, a editora Nexus lança a Megaman NT Warrior - Revista Oficial - uma revista que trazia jogos e adaptações de episódios em fotonovelas (um tipo de histórias em quadrinhos produzida com fotogramas). A revista durou apenas 4 edições.


A série deixou de ser exibida pela Globo e não teve todos os episódios apresentados pela emissora.






Em 2010, a editora americana Archie Comics começou a publicar histórias baseadas na franquia. Em 2012, anunciou que no ano seguinte, a franquia teria um crossover com Sonic, franquia da Capcom que tem HQs produzidas pela Archie desde a década de 1990. Como apontou o site Planeta Sonic, esse não foi a primeira vez que Sonic e Megaman aparecem juntos - ambos aparecem numa arte contida no manual de  Mega Man The Willy Wars , jogo lançado para Mega Drive em 1994.


Em 2015, a Archie anuncia que publicará um crossover incluindo mais personagens pertencentes as duas empresas são eles:“Alex Kidd,” “Billy Hatcher,” “Golden Axe,” “NiGHTS,” “Skies of Arcadia,” e “Panzer Dragoon” da Sega e “Breath of Fire,” ‘Ghosts N’ Goblins,” “Monster Hunter,” “Street Fighter,” “Okami” e “Viewtiful Joe” da Capcom.

Em 2013, a editora brasileira Alto Astral começou a publicar as histórias de Sonic produzidas pela Archie. 






Influências

Em 2011, a Revista Dragon Slayer da Editora Escala publica o artigo Megadroide de Gustavo Brauner, 
Megadroide é o nome dado aos robôs do cenário de campanha Mega City, 
criado por Brauner para o 3D&T Alpha (nova versão de Defensores de Tóquio publicada em 2008,
os Megadróides são inspirados em Mega Man e Astro Boy de Osamu Tezuka
O suplemento Mega City foi finalmente lançado em meados de 2012 pela Jambô Editora, no seguinte, 
é publicado o Mega City - Manual do Aventureiro.


 



Megaman X aparece junto com outros personagens azuis na revista Clássicos do Cinema - Turma da Mônica #24 (2011) nela há Avaturma, uma paródia ao filme Avatar de James Cameron (2009),
 escrita por Flavio Teixeira.

Fontes e referências:












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