O Futuro nos desenho animados: Os Seis Biônicos e os discos ópticos
Muitas vezes obras tentaram prever o futuro, porém, com o passar dos anos, ou algumas das invenções acabam sendo descobertas antes das datas previstas ou acabam não se concretizando, essas visões de futuro são chamadas de futuro do pretérito, tal qual a conjugação verbal.
Durante boa parte do século XX, o ano 2000 era retratado como um ano onde haveria alta tecnologia, embora muitos avanços tenham sido feitos, eles estavam longe de serem parecidos com a ficção.
Os Seis Biônicos (Bionic Six) foi uma série produzida entre 1987 e 1989 pelo estúdio japonês Tokyo Movie Shinsha Entertainment (atualmente chamado de TMS Entertainment). Embora produzida por um estúdio japonês, a série não é um anime (nem tão pouco um murikanime, animação ocidental influenciada por animes), sua distribuição foi feita pela MCA-TV (que depois se tornaria NBCUniversal Television Distribution) e os roteiros foram criados por profissionais americanos. O veterano Osamu Denzaki foi um dos diretores e Alex Toth, Mike Vosburg, Bruce Zick, Gil Kane e Nobuteru Yuki foram responsáveis pelo character design. A prática de terceirizar animações no Japão tem origens na década de 1960. Um exemplo foi a série Johnny Cypher in Dimension Zero, criada pelo cartunista e animador Joe Oriolo, que ilustrou quadrinhos e produziu uma série animada do Gato Félix, além co-criar o Gasparzinho com Seymour Reit, Oriolo foi responsável pelo lançamento nos Estados Unidos do anime Ribbon no Kishi de Osamu Tezuka, que recebeu o nome de Princess Knight e chegou ao Brasil com o título A Princesa e o Cavaleiro.
A série se passava décadas não definidas após 1999 e contava a história de Jack Bennett um engenheiro e piloto de testes que secretamente recebeu recebeu implantes cibernéticos (chamados de biônicos) do Professor Amadeus Sharp,agindo como agente secreto chamado Bionic-1. Enquanto tiravam férias do Himalaia, Jack , sua esposa Helen e seus quatro filhos, sendo dois deles biológicos (Eric e Meg) e dois adotados (J.D. e Bunjiro ou Bunji) acabam ficando presos numa avalanche por causa de uma nave alienígena. Jack acaba tendo que revelar sua identidade secreta a família e para salvar suas vidas, o Professor Sharp também coloca implantes cibernéticos neles. O grupo então também assume identidades secretas: Helen se torna Mother-1, Eric, Sport-1, Meg, Rock-1, J.D., IQ e Bunji, Karate-1. O grupo luta contra as forças do Dr. Scarab e seus capangas Glove, Madame-O, Mechanic, Chopper e Klunk.
A série era claramente inspirada em O Homem de Seis Milhões de Dólares e A Mulher Biônica, que também eram distribuídos pela NBCUniversal. A série O Homem de Seis Milhões de Dólares foi baseada no romance Cyborg de Martin Caidin, lançado em 1972. No ano seguinte, ganhou uma sequencia Operation Nuke e telefilmes que serviram de prequel para a série de TV lançada em 1974, estrelada por Lee Majors, Caidin havia tratado do tema em 1968 no romance The God Machine e lançaria outros dois romances que deram sequencia a Cyborg, High Crystal (1974) e Cyborg IV (1975), A Mulher Biônica, estrelada por Lindsay Wagner estreou em 1976. Ambas foram canceladas em 1978 e tiveram outros quatro telefilmes entre 1987 e 1994. A franquia teve quadrinhos pela Charlton Comics, publicados no Brasil pela Bloch Editores e na revista britânica Look-In, essas publicadas pela EBAL na revista Os Biônicos. Em 2007, a Universal lançou um reboot da Mulher-Biônica estrelada por Michelle Ryan, que teve apenas uma temporada de oito episódios. Em 2011, a Dynamite Entertainment adquiriu a licença para os quadrinhos de O Homem de Seis Milhões de Dólares e A Mulher Biônica, inicialmente inspirado em roteiro de um filme não realizado escrito por Kevin Smith (a editora faria o mesmo com um roteiro de O Besouro Verde escrito pelo próprio Smith). Em 2014 foram lançadas HQs que davam sequencia aos eventos das duas séries de televisão.
Na Alemanha, a série animada foi lançada como Die Sechs-Millionen-Dollar-Familie (ou seja, A Família de Seis Milhões de Dólares), uma prática comum de associar personagens com franquias famosas, como ocorre com Lone Ranger que tornou Zorro no Brasil. No Brasil, a série foi exibida pelo SBT e pela Band, nessa última no bloco Band Kids entre 2000 e 2004.
Em 1995, a TSR, Inc. publicou o romance Buck Rogers: A Life in the Future, escrito por Caidin. Nele o herói ganha implantes cibernéticos.
No episódio 18 da segunda temporada de Seis Biônicos, intitulado Home Movies (Filmes caseiros ou seja, gravados de forma amadora e sem fins comerciais), Bunji testa sua nova câmera de vídeo 3D para filmar um filme de ficção científica, logo depois começa um documentário sobre a família Benett, porém, eles acabam tendo que atender a um chamado de emergência e a câmera registra a transformação deles. Ao voltar em casa, Bunji pega a câmera e leva para uma loja de gravação de laserdiscs (chamados apenas de discs), sem saber que nele continha as transformações dos biônicos, Bunji faz quatro cópias e esquece uma no estabelecimento, Mechanic, aparece para entregar uma pizza (um clichê bastante usado para espionagem) e leva acidentalmente o disco na caixa junto com a pizza (uma vez que um laserdisc media 30 centímetro, tal como um disco de vinil do tipo long play), ao voltar a loja, Bunji descobre que o disco foi levado, logo precisam tentar impedir que Scarab fique com o disco.
O disco usado no episódio Home Movies |
Embora a série se passe no futuro, esse futuro parecia com a própria década de 80, naquela época, o laserdisc era um dos formatos de home video, ou seja, filmes comerciais comprados ou alugados para exibir em casa. O laserdisc começou a ser desenvolvido no final da década de 1950, apesar de ter sido apresentado em 1972, só foi lançado comercialmente em 1978. Porém, o mercado acabou se dividindo entre dois formatos de fitas magnéticas, o betamax e o VHS, na década de 80, ambos usados para gravar programas de TV e exibir filmes comprados ou alugados e disputaram mercado no que foi chamado de "guerra dos formatos". Anteriormente, o mercado de home vídeo era bem menor. Nos anos 60, a Castle Films foi a principal distribuidora de filmes para projetores caseiros de 8 mm e 16 mm, a empresa distribuiu filmes da Paramont, desenhos de Walter Lantz (uma vez que ela pertencia a MCA, empresa do grupo Universal). O laserdisc foi bastante popular no Japão, mas com pouca popularidade no Ocidente, mas acabou abrindo espaço para o surgimento de outros discos ópticos como o CD, o DVD, o Blu-Ray entre outros. Betamax e VHS também foram usados em camcoders, câmeras de vídeo que não só registravam, como gravavam vídeos caseiros diretamente nas fitas, as primeiras câmeras foram lançadas em 1982. Os autores então pensaram que no futuro, o laserdisc tomaria o lugar das fitas. Eles acertaram parcialmente, o CD, nesse caso, VCDs, e logo depois o DVD e o Blu-Ray seriam usados para esse fim, mas logo seriam substituídos. Assim como Bunji procurou uma loja para passar o filme para laserdisc, existem profissionais que fazem a conversão de vinil para CD e VHS para DVD e Blu-Ray.
A tecnologia na década de 80 e na década de 2010 |
No filme De Volta para o Futuro - Parte 2 (1989), o futuro era o na epoca distante ano de 2015, 30 anos após o primeiro filme e ponto de partida da trilogia. Laserdiscs são mostrados embalados, indicando que talvez tenham virado sucata naquela época. No primeiro filme, o Doutor Brown de 1985 fica impressionado com uma camcoder, curiosamente, a empresa EditDroid de George Lucas criou editores não-lineares, que usavam laserdisc. Editores-não-lineares substituíram o processo manual e Lucas chegou a usar a tecnologia para editar episódios da série de TV The Young Indiana Jones Chronicles. Os laserdiscs não chegaram a concorrer diretamente com os VCDs e DVDs e deixaram de ser produzidos em 2009.
Cena de De Volta para o Futuro II |
Os disquetes (floppy disks) foram lançados em 1971, tratam-se unidades de armazenamento em disco usando fitas magnéticas (cujo uso já havia sido difundido em fitas cassete e posteriormente em betamax e VHS). As fitas foram bastante populares, a ponto do verbo "to tape" ser o mesmo que "gravar". Seu uso foi bastante popular por quarenta anos, seu espaço foi aumentado ao longo dos anos, até que os drivers de disquetes serem substituídos pelos gravadores de discos ópticos e USB flash drives.
A série original de Star Trek/Jornada nas Estrelas de 1966 antecipou o uso de disquetes com os microtapes, contudo, o futuro apresentado na série era ambientado no século 23 e os disquetes já foram substituídos no final século XX e início do século XXI.
O filme Star Wars de 1977, agora conhecido como Episódio IV - Uma Nova Esperança tem o vilão Darth Vader procurando fitas de dados (data-tapes ou datatapes) dos Rebeldes, mesmo que Star Wars se passa há muito tempo em uma galáxia distante, sem qualquer conexão com o Planeta Terra, as fitas de dados se tornaram obsoletas, as fitas também aparecem nos quadrinhos da Marvel, no RPG de mesa da West End Games em nos romances Han Solo and the Lost Legacy de Brian Daley (1980) e Fate of the Jedi: Omen de Christie Golden (2009). Esses romances foram desconsiderados em 2014, uma estratégia adotada pela Disney para criar um novo Universo Expandido. Todas as histórias anteriores do antigo Universo Expandido ficaram conhecidos como Star Wars Legends, tal como a DC Comics fez após o evento Crise nas Infinitas Terras, dividindo o material entre pré-crise e pós-crise. As fitas de dados são citadas em um episódio da atual série animada Star Wars Rebels, ambientada antes do Episódio IV, bem como um romance baseado na mesma, The Rebellion Begins de Michael Kogge (2014).
Na série animada The Centurions (1985-1986), co-produzida pela Ruby Spears e o estúdio japonês Sunrise, discos são usados para armazenar informações, a série mostrava um grupo de heróis munidos com exo-esqueletos, os concepts criados pelos quadrinhistas Jack Kirby, Alfredo Alcala, Gil Kane e Doug Widey e os roteiros por Ted Pedersen, Gerry Conway, Michael Reaves, Marc Scott Zicree e Larry DiTillio. A Ruby Spears foi fundada por ex-funcionários da Hanna-Barbera, atualmente o catálogo de ambas as produtoras pertencem a Warner Bros.
Hacker, assistente do vilão Dr. Terror com um disco de computador no episódio 61 - Man or Machine parte 1 |
John Thunder com um disco diferente do visto com Hacker no episódio 64 - Man or Machine parte 4 |
A franquia Transformers é um caso a parte, tendo surgida nos anos 80 como uma linha de brinquedos inspirada em robôs gigantes japoneses (mechas). Os quadrinhos da Marvel Comics e o desenho animado original apresentavam disquetes, incluindo disquetes ópticos parecidos com disquetes chamados de "laser disks". Com o passar dos anos, diversas mídias de armazenamento foram apresentadas.
Produções dos anos 90 mostravam disquetes sendo usados em várias ocasiões, na série animada Batman do Futuro (Batman Beyond) de 1999 a 2001, discos ópticos parecidos com CDs são usados, porém, os roteiristas não poderiam prever o surgimento dos USB flash drives como o pen drive, lançados ainda em 2000, as entradas USB existiam desde 1998.
Cena do primeiro episódio de Batman do Futuro |
A série Apenas um Show (Regular Show) faz várias referências aos anos 80 e tem alguns episódios inspirados em tecnologias de vídeo. São eles The Best VHS in the World, The Last Laserdisc Player e Format Wars II.
Ver também
Tron, a aventura cibernética da Disney
Leitura recomendado
Jogos em laserdiscs
Data Pad, precursores dos tablets na ficção
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The history of computer data storage, in pictures
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https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Transformers#:~:text=Os%20brinquedos%20Transformers%20t%C3%AAm%20sua,Comics%20e%20o%20desenho%20animado.