Príncipe Dinossauro em mangás


Conforme comentei no outro blog, Tarzan é um dos personagens ocidentais que influenciou muitos mangás, a ponto de ter tido alguns não-oficiais, até mesmo por Osamu Tezuka.

Em várias postagens, mostrei que as revistas em quadrinhos serviam como publicidade e até como objetos de coleção para fãs de determinado filme ou série, ainda mais em épocas que as pessoas só poderiam ver no cinema ou na TV, sendo no cinema, precisaria pagar, no Japão, os quadrinhos se tornaram uma leitura popular, tendo literalmente, mangá sobre tudo.


A série Príncipe Dinossauro (no original Kaijū Ōji ou Príncipe Monstro na tradução literal) exibida pela TV Fuji de 1967 a 1968 (26 episódios) e contava  a história de Takeru, um menino que cai em uma estranha ilha habitada por dinossauros, o menino usa um bumerangue (arma associada com aborígenes da Austrália) e combate alienígenas, a série mistura diverso elementos: Takeru é uma criança selvagem tarzanide (vestido como um menino das cavernas) com os elementos fantásticos das produções kaijus, o que não é tão distante das histórias de Tarzan, embora o cinema não tenha explorado, Tarzan teve contato com dinossauros e criaturas que deveriam estar extintas, a série animada da Filmation até apresentou alienígenas.







Acredita-se que a série seja inspirada em Shonen Kenya de Souji Yamakawa (1908-1992), um emonogatari, um tipo de narrativa de narrativa de quadrinhos que mistura páginas com textos e desenhos e que tiveram influência dos chamados kamishibais (teatros ilustrados). Shonen Kenya se passa na Segunda Guerra Mundial e conta a história de Wataru Murakami, um menino japonês criado pela tribo Masai no Quênia. A obra ganhou versões em mangá, filme live-action,  série de TV live-action e um filme animado pela Toei de 1984. Yamakawa também é autor de Shonen Ōja (menino rei), sobre um menino tarzanide japonês na Africa, a obra teve kamishibai e um mangá de 1961 a 1962 por Sanpei Shirato, Yamakawa é uma influência forte  em trabalhos de Shirato, um exemplo disso é Ōkami kozō (menino lobo).

Vídeo do canal ilha Kaijuu que explica sobre os emonogataris







Príncipe Dinossauro teve mangás publicados em duas revistas: Shōnen Gahōsha (dividindo as páginas com Fantômas e Magma Taishi de Osamu Tezuka)e Shonen King entre 1967 e 1968.

Na Gaho, teve quadrinhos feitos por Kyuuta Ishikawa, que desenhou trabalhos parecidos como um mangá do Shonen Kenya de 1961 a 1962 nas páginas da Shonen Sunday, um mangá de Ōkami Shōnen Ken, um anime em preto e branco da Toei de 1965, que teve Hayao Miyazaki como um dos animadores, a série era sobre Ken, um menino criado por lobos (igual ao Mowgli). Outro artista foi Souji Koyama.



Shōnen Gahōsha 
                                     

                                            
Shonen Kenya por Ishikawa
Página de Souji Koyama





Na Weekly Shonen King,  foi desenhado por Mitsuyoshi Sonoda nas primeiras 48 edições  de 1967 e por Osamu Wataru até a edição 10 de 1968.






Artes de Mitsuyoshi Sonoda, com ele, o personagem tem uma aparência mais velha, próximo dos personagens das revistas shounen.






Nas histórias por Osamu Watari, também vemos o personagem com o aspecto mais velho.


Agradecimentos ao Sérgio Peixoto, editor da Animax, pelas imagens e na ajuda na tradução e transliteração dos nomes.

Referências

Príncipe Dinossauro - Wikipédia em japonês

Príncipe Dinossauro - Mofolandia

Emonogatari in the Age of Comics, 1948-1957 - The Comics Journal

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