Divindades africanas e os super-heróis







Como se sabe, o uso de mitologias em quadrinhos de super-heróis não é algo incomum, sem falar que Jerry Siegel admitiu que Hércules foi uma das suas inspirações para o Superman. Thor é uma divindade da mitologia nórdica/viking que já foi usado por várias editoras, a primeira delas, foi a de Pierce George Rice publicada em 1940 pela Fox Feature Syndicate, mas sua versão mais conhecida é da Marvel, criada em 1962 por Stan Lee, seu irmão Larry Lieber e Jack Kirby, esse último havia feitou uma para a editora quando essa se chamava Atlas em 1951. Os Vingadores até tem Hércules da mitologia greco-romana como um membro.




Vemos divindades greco-romanas e até egípcias, mas quando aos demais cultos africanos?



É bem verdade o conhecimento sobre religiões africanas não era tão difundido, é comum vermos chama-las de voodu (vudu ou vodu) ou xamanismo, mas há uma infinidade de religiões, vamos nos concentrar apenas no vodu (originário do grupo étnico Fon) e na religião ioruba (ou yoruba), ambas originárias da Africa Ocidental,  ao chegaram nas Américas, esses cultos sofreram sincretismos religiosos, entre si, com o catolicismo e com cultos de ameríndios, Exemplos: Vudu da Lousiana, Vudu haitiano, Candomblé e Umbanda (Brasil) e Santeria (Cuba, Porto Rico e República Dominicana). Nos vodu, as divindades são chamadas de voduns e na religião ioruba, de orixás.






Nos quadrinhos da Marvel, a primeira menção ao vudu se deu em  Lorna, the Jungle Queen #5 (fevereiro de 1954), por Don Rico (roteiro) e Werner Roth (desenhos) em uma historia de Lorna, uma heroína similar a Tarzan e Sheena, onde há a presença da deusa fictícia Mamalu, apesar do pseudônimo parecer hispânico, o autor Don Rico era um descendente de italianos.







Em Fantastic Four #52, história de Stan Lee (roteiro) e Jack Kirby (desenho) surge o Pantera Negra, o herói é T'Challa, um monarca de um reino africano fictício chamado Wakanda. cujos poderes eram oriundos do deus Pantera, uma divindade criada pelos autores. 
Pantera Negra por Jack Kirby


Em Strange Tales #169 (setembro de 1973) estréia o personagem Brother Voodoo ( Jericho Drumm) Stan Lee , Roy Thomas, Len Wein e John Romita Sr., em 2019, após assumir o lugar do Doutor Estranho como Mago Supremo, passa ser conhecido como Doutor Voodoo (um nome que Roy Thomas havia sugerido na criação do personagem). O personagem é inspirado no vodu haitiano e enfrentava o loa Damballa, que era retratado como mal, isso entra em contradições com os mitos vodu, mas como outras edições mostram Set divindade estiigiana (Stygia é o nome anterior do Egito na Era Hiboriana das história de Conan) usando o nome  Damballa, pode ser que esse não seja o real Damballa. Essa aparição de Damballa na Era Hiboriana teria surgido em Red Moon of Zembabwei, conto escrito por L. Sprague de Camp e Lin Carter e lançado em 1977, no conto diz que Damballa e Set são o mesmo dues serpente, Zembabwei, é um dos Reinos Negros e foi inspirado em Zimbábue. Conan the Swordsman, publicado no ano seguinte, L. Sprague de Camp, Lin Carter e Björn Nyberg associaram Damballa a Set, anteriormente, Howard usou Damballa em outras histórias como o conto Black Canaan (1936) se passa em Nova Orleans e envolve o vodu e também em The Spell of Damballah, publicado postumamente em Revelations of Yuggoth #1, novembro de 1987.



Em Giant-Size X-Men #1 (maio de 1975), estréia a mutante Ororo Munroe, a Tempestade, criada por Len Wein (roteiro) e Dave Cockrum (desenhos),  originária do Quênia, Ororo pode controlar o tempo, seus poderes e sua origem africana faz com que seja comparada com a orixá Iansã ou Oya, não temos dados que comprovem a influência, mais a frente irei comentar essa conexão. 



Em New Mutants #32 (outubro de 1985), escrita por Chris Claremont e ilustrada por Steve Leialoha, o grupo volta ao Antigo Egito e encontra Ashake, uma ancestral de Ororo que também tem cabelos brancos e olhos claros e vinha de uma linhagens de sacerdotisa, o nome já havia sido usado em outra personagem em Marada, a Mulher-Lobo, também roteirizada por Claremont com desenhos de John Bolton, histórias posteriores como Marvel Tarot (2017), escrita por David Sexton e a publicação do Official Handbook of the Marvel Universe A-Z em março de 2008 estabeleceriam que a Ashake de Marada era também descendente da Ashake do Antigo Egito e ancestral de Ororo (embora Marada seja de propriedade do próprio Chris Claremont) e ambas descendendem de Ayesha de Balobedu da Era Hiboriana e que Ororo descende das rainhas da chuva de Balobedu (ou Lovedu), inspiradas nas Modjadji, ou Mujaji, as rainhas da chuva do povo Balobedu da Africa do Sul), é possível que Balobedu seja mais um dos Reinos Negros da Era Hiboriana. Muitas de suas ancestrais também possuem cabelos brancos e olhos azuis.



.A Tempestade sempre clama por uma deusa, em Uncanny X-Men #226 (fvereiro de 1988), escrita por Claremont, com desenhos de Marc Silvestri e arte-final de Dan, Green, um flashback mostra a uma jovem Ororo vendo a sua deusa, que se parece com ela .




Em Uncanny X-Men Annual 1985 (dezembro de 1985), em uma história escrita por Chris Claremont com desenhos de Arthur Adams com arte-final do próprio Adams, Mike Mignola e Alan Gordon, Ororo ganha o martelo Stormcaster de Loki, o irmão de Thor.


Na minissérie X-Treme X-Men (2012-2013) de Greg Pak, em uma realidade alternativa (Terra-20329), Tempestade é uma deusa e casada com Thor.

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No Twitter, o roteirista Saladin Ahmed afirmou que criaria uma filha de Tempestade e Thor chamada Thunderstorm, mas ao ver o filme Thor: Ragnarok (2017), resolveu fazer uma nova Valquíria, inspirada na versão interpretada por Tessa Thompson.



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Em 1996, o crossover Marvel vs DC deu origem ao Universo Amalgam (Amálgama) do selo Amalgam Comics, que misturava personagens e elementos das duas editoras, com isso haviam os metamutantes.



O primeiro orixá a aparecer numa HQ da Marvel foi Xangô (ou Shango em inglês), oriundo da mitologia ioruba, sua primeira aparição foi curiosamente, em uma história do Thor, ao ladoe divindades de outros lugares do mundo, em Thor Annual #10 (1982), escrita por  Mark Gruenwald e Alan Zelenetz, ilustrada por Bob Hall com arte-final de Rick Bryant, Joe Rubinstein, Andy Mushynsky, Al Gordon e Kevin Dzuban, Na DC, Xangô fez sua aparição em 1990, nas histórias do segundo Nuclear por John Ostrander (roteiros) e Tom Mandrake (desenhos).


Em Doctor Strange, Sorcerer Supreme 16 e 17 (abril-maio de 1990), escrita por Roy Thomas e R.J.M. Lofficier, com desenhos de Geof Isherwood, na história em duas partes "The Book of the Vishanti: ...The Mark of the Vodû!", aparecem não só os Irmãos Voodoo, como também divindades como Buluku, Lusa, Mahu (ou Mawu, orixá de Daomé semelhante a Iemanjá), Avlekete, Ezili, Xangô, Ogum,Legba, Exu e Damballa.


Em 1997, em The Spectre vol. 3 #58, na história The Source of All Things, escrita por John Ostranger e ilustrada por Tom Mandrake, o Espectro encontra os orixás Xangô, Olorum, Mawu e Orunmilla, logo depois se encontra os deuses do Olimpo Zeus e Ares, a história termina com a aparição de Darkseid.






Anansi ou Kwaku Anansi é originário das lendas do povo Akan de Gana na Africa Ocidental, Anansi é uma criatura que pode virar um homem e uma aranha. Anansi apareceu pela primeira vez em Justice League of America #239 (junho de 1985) num história por Gerry Conway  (roteiro) e Rick Hoberg e Chuck Patton (desenhos), é o responsável pela criação do totem usada por Vixen, personagem criada por Gerry Conway e Curt Swan, cuja estréia foi em Action Comics #521 (Julho de 1981), na Marvel, sua primeira aparição foi em Thor 398 (dezembro de 1988), escrita por Tom DeFalco (roteiro), Ron Frenz (desenho) e Don Heck (arte-final).  O roteirista e escritor Neil Gaiman usou Anansi nas suas séries literárias American Gods e Anansi Boys. Anansi também aparece no terceiro episódio da terceira temporada de Static Shock/Super-Choque, série baseada nos quadrinhos criados por Dwayne McDuffie (escritor que também produziu a série) e John Paul Leon (ilustrador), para o selo Milestone, que contava apenas com super-heróis negros, como a série acabou sendo integrada ao Universo DC Animado, não sabemos se esse Anansi tem algum relação com a Vixen, Anansi também é mencionado na web-série animada Vixen do Arrowverse (universo compartilhado entre séries live-action Arrow, Flash, Legends of Tomorrow e Supergirl).








Panteão Vodu na Marvel, arte de Pablo Raimondi para o livro Thor & Hercules: Encyclopaedia Mythologica (setembro de 2009) 



Em 2005, o ilustrador e editor Joe Quesada criou o grupo Santerians para a minissérie Daredevil: Father, jovens de origem latina com nome e poderes derivados dos orixás: Eleggua, Oshun, Ogun, Chango e Oya.







Em Uncanny X-Men #528 (setembro de 2010), uma nova personagem com nome Oya criada por por Matt Fraction e Kieron Gillen, seu nome verdadeiro é Idie Okonkwo,  uma jovem da Nigéria que foi salva por Tempestade e Hope Summers, seu poderes inclui manipulação de fogo e gelo, ou seja, também tem ligação com o clima.






A mutante Oya


Em 2006, o escritor Eric Jerome Dickey roteiriza uma história de Flashback em que Ororo é salva pelo jovem T'Challa, embora isso tenha entrado em contradição com a história publicada em Marvel-Team Up #100 (dezembro de 1980), onde é Ororo que salva o jovem T'Challa em uma história escrita por Chris Claremont e John Byrne, esse último também ilustra a mesma, trata-se por tanto de um retcon. Esse fato também é mostrado em Uncanny Origins #9 (maio de 1997), escrita por Jim Alexander com desenhos do brasileiro Marcelo Campos, publicada aqui em Origens do Super-Heróis Marvel #8 (Editora Abril, outubro de 1999).




 Ainda em 2006, Ororo casa com T'Challa, em 2012, o casal se separa.

Tempestade e Pantera Negra, arte de Alan Davis
Na série de 1998 pelo selo Marvel Kinghts, o escritor afro-americano Christopher Priest (que quase foi editor-chefe da Milestone, mas não chegou a integrar a editora por razões pessoais), revela que Deus Pantera é Bast ou Bastet, uma divindade solar egípcia, que originalmente era feminina (algo resgatado na série de Coates), representada por um gato preto, Bast já havia sido usado nos quadrinhos de Conan, o bárbaro, publicado pela editora, mas sem relação aparente com o Pantera Negra, no mundo real, em vários momentos, o Egito dominou e foi dominado por núbios, negros da região conhecida como Núbia, neste local houve o Reino de Cuxe, com forte influência egípcia, inclusive com adoção de sua religião, nas histórias de Conan, o Egito se chamava Stygia e Cuxe era um reino vizinho

O Deus Leão era um adversário do Deus Pantera, com a identificação de Bast como sendo a verdade face do Deus Pantera, o Deus Leão passou a ser sua irmão, Sekhmet, no filme Capitão América: Guerra Civil, T'Challa menciona para a Viúva Negra, que Bast e Sekhmet conduzem a alma dos wakandanos para um outro plano, indicando que não há conflito entre as divindades no Universo Cinematográfico.



Curiosamente, existe uma divindade representada por uma pantera negra, trata-se de Kpòsú ou Possun, cultuado no candomblé jeje, que cultuam voduns do Reino de Daom, de seguintes grupos étnicos: fon, ewe, fanti, ashanti e mina. Fontes:
O filme Pantera Negra e a questão da ancestralidade africana

Em 2017, na série produzida pelo escritor afro-americano Ta-Nehisi Coates, os deuses de Wakanda são chamados de orixás, embora orixás sejam da Africa Ocidental e nas histórias da Marvel, Wakanda fica na Africa Oriental, próximo a Tanzania) .



O panteão de Wakanda é composto por outras divindades de origens distintas da Africa: Thoth e Ptah (também de origem egípicia), Kokou (orixá de Benin), Mujaji, (também inspirada nas rainhas da chuva a Africa do Sul) Nyami (divindade de Zâmbia e Zimbabwe na Africa meridional), que antes de Wakanda existir, expulsaram os Precursores). 




Ainda na série Ta-Nehisi Coates, até mesmo a Tempestade é adorada por uma parte dos wakandianos, como  Hadari Yao (Caminhante das Nuvens), além do mais, o escritor definiu que em Wakanda, Anansi é nome de uma raça extra-dimensional de homens-aranhas, que compunha os Precursores. Curiosamente, segundo o Marvel #2 (maio de 2008), escrito por Michael Hoskin, Anthony Flamini, Stuart Vandal e Eric J. Moreels, iorubá é um dos idiomas falados em Wakanda.

Outras raças de Precursores são:
Simbi, uma espécie de réptil
Vanya, uma espécie de macaco branco com chifres.
Creeping Doom, uma raça insectóide.
Uma raça de humanoides que possui de duas cabeças.
Uma raça de seres marinhos.
O panteão de Wakanda, Black Panther #13, junho de 2017, arte de Wilfredo Torres


Nos quadrinhos, a divindade cultuada pela tribo Jabari do Gorila Branco (M'Baku) foi identificada como Ghekre, originaria dos Baoulés da Costa do Marfim, mas no filme Pantera Negra de 2018, foi identificada como Hanuman, um deus-macaco do hinduísmo, o que deixa o filme com um erro geográfico, já que a Índia é um lugar distante (outro continente). Em Marvel Comics Presentes vol. 3 #2 (abril de 2019) por David Lapham (roteiro e desenhos), Maria Lapham (desenhos), aparece um deus-gorila da tribo que se tornaria os Jabari identificado como Ngi, Ngi é um deus-gorila do povo Iaundé de Camarões, é o filho de Zamba, o deus  supremo e criador, a tribo acaba criando o Gorilla Man em um ritual a Ngi. Não está específicado quando um culto começou e quando o outro terminou.

No filme Thor: Amor e Trovão. Akosia Sabet, atriz, modelo e cantora ganense-australiana, interpretou uma versão humana de Bast como uma mulher negra, algo que Coates chegou a fazer nos quadrinhos no arco Imperio Intergalático de Wakanda

Black Panther (Vol. 7) #6 (novembro de 2018), arte de Paul Reinwand e Jen Bartel


O livro Black Panther: Protectors of Wakanda (2022), escrito por Karama Horne adiciona algumas informações sobre os precursores:
A raça Simbi seria descendente de Set, em Conan: Battle for the Serpent Crown #4 (2020), é mostra um culto de Set, o culto da serpente vermelha.
A raça Vanya seria descendente do deus gorila Ghekre.
A raça humanoide de duas cabeças é chamada de Ibeji, tal qual o orixá representado por dois gêmeos.
A raça de seres marinhos é chamada de Filhos de Olokun, Olokun é um orixá das águas, ora retratado como masculino, ora como feminino (em cultos afro-brasileiros, Olokun é  a mãe de Iemanjá).

A minissérie Black Panther: Blood Hunt (2023), parte do evento Blood Hunt, escrita  por Cheryl Eaton, trouxe mais detalhes da origem do panteão de Wakanda, é dito que Varnae, o primeiro vampiro, roubou o fog de Ptah, isso desencadeou uma aliança de deuses do Leste (Egito) e Oeste (Orixás) da África, liderados por Bast, o grupo era formado por Khonshu, Pta, Kokou, Exu, Ghekre, uma outra irmã de Bast, a deusa egípcia Anuket também colabora. Eaton também mexe mais com a mitologia, clocando Exú chamando Ptah de Ptah-Ogum. Embora Ogum já tenha aparecido, a referência é o fato de ambos serem divindades da forja, associados com metalurgia, arquitetura e afins. É bem comum achar textos onde dizem que Ptah é o equivalente de Ogum.






Em 2014, foi financiado através de financiamento coletivo no site indiegogo, o curta nigeriano Oya - Rise Of the Superorisha, escrito e dirigido por Nosa Igbinedion e estrelado por Ethosheia Hylton que interpreta Adesuwa, uma jovem que se transforma em Oya.


Arte de Alex Genaro




Em 2015, lançou a websérie Yemoja: Rise of the Orisha







Por sugestão do Francisco Dourado, resolvi procurar se alguma divindade africana real apareceu nas tiras ou HQs do Fantasma de Lee Falk, na busca, encontrei um ídolo de "Ogun", porém, não há nenhuma similaridade com o orixá homônimo, de acordo com o PhantomWiki, Ogun é um deus de Bengali, país fictício das histórias do Fantasma, o ídolo aparece em duas história:The Crying Idol, escrita por Michael Tierres e desenhada por Georges Bress publicada em Fantomen 16/1985 (Semic Press, Suécia) e The Phantom - Man or Myth?, escrita por Claes Reimerthi e desenhada por Alex Saviuk, publicada em Fantomen 11/2005 (semic Press, Suécia). Talvez Michael Tierres leu o nome Ogun em algum livro e usou, as histórias do Fantasma se passam num país fictício que mudou de continente (!?), até os anos 60, se passavam na Asia (perto da Índia), sendo depois mudado para a Africa.

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No Brasil há alguns exemplos de uso de orixás em quadrinhos, Como Exú, personagem de Lancelott Martins, o Catalogador, Ogum aparece em 2007 como membro do grupo Defensores da Pátria de Alex Mir (roteiro) e Diógenes Neves (desenhos), Mir também produziu em 2011, Orixás: do Orum ao Ayê, ao lado de Caio Majado (desenhos) e Omar Viñole (cores). Em 2017, o trio lançou um projeto no Catarse intitulado Orixás - Ebó, publicado em dezembro do mesmo ano. Em 2018, lança um novo projeto, Orixás - Renascimento. Em 2019, lança o financiamento de Orixás - Ikú, com desenhos de Alex Rodrigues e cores de Al Stefano, Em janeiro de 2020, Orixás - Ikú foi indicado na categoria "História em quadrinho independente" do Festival international de Quadrinhos de Angoulême na França. Em 2020, foi lançado Orixás - Os Novo Eguns, escrito por Alex Mir, ilustrado por Laudo e colorido por Omar.











Em 2016, o ilustrador Hugo Canuto postou no Facebook uma ilustração em homenagem aos 99 anos do quadrinhista Jack Kirby, criando The Orixas, uma capa imaginava (que ilustra o começo desse post)  inspirada na icônica capa dos Vingadores em The Avengers #4 (março de 1964), ilustrada por Jack Kirby com arte-final de Paul Reinman. 



 Canuto evoluiu a ideia e postou novas ilustrações e em 2017, lançou uma campanha na plataforma de financiamento coletivo Catarse da HQ Contos dos Orixás, com roteiros e desenhos dele, diagramação e arte-final de Marcelo Kina, cores de Pedro Júnior e pin-ups de Salamanda, Octavio Cariello, Sam Hart, Laudo Ferreira, Will, Oliver Borges, Dan Arrows, Paulo Torinno, Jefferson Costa, Daniel Cesart, Ricardo Cidade, Renata Rinaldi, Diane Araújo.

Em 2015, Canuto havia publicado a HQ A Canção de Mayrube – O Início, inspirada nas mitologias dos Povos da América






 Em novembro de 2018, coincidindo com o dia da Consciência Negra (20 de novembro, dia da morte de Zumbi dos Palmares), Hugo abriu Pré-venda no Catarse.

Em novembro de 2019, após a os exemplares esgotarem, o autor lança um novo financiamento para reimpressão.



Em março de 2019, Hugo passou a vender em seu próprio site.

 O projeto teve grande cobertura da mídia, com Canuto sendo entrevistado na revista Jack Kirby Collector #71 (maio de 2017) da TwoMorrows Publishing, na capa, é possível ver o Corredor Negro, personagem de Jack Kirby para o Quarto Mundo, conceito criado para a DC Comics.

Em outubro de 200, Contos dos Orixás se tornou finalista do Prêmio Jabuti na categoria Histórias em Quadrinhos.

Em julho de 2021, a arte de Xangô apareceu no filme Space Jam: O Novo Legado da Warner, Ryan Coogler diretor do filme Pantera Negra é um dos produtores do segundo Space Jam.



Em janeiro de 2022, Hugo Canuto lançou a campanha de Contos dos Orixás 02 - O Rei do Fogo




No dia 02 de fevereiro do mesmo, data em que se comemora o Dia de Iemanjá, foi anunciado que o cineasta brasileiro Carlos Saldanha irá dirigir um filme sobre Iemanjá intitulado Iemanjá: Deusa do Oceano, com produção da atriz Camila Pitanga e com o quadrinista Ivan Reis como produtor associado, de acordo com Reis, ele é filho de uma mãe de santo, que morou em uma casa ligada ao Candomblé.

Em março de 2024, Hugo Canuto lançou um financiamento coletivo de uma nova HQ de A Canção de Mayrube.


Inspirado no Capitão Marvel (hoje Shazam),  há dois heróis com poderes oriundos de orixás: o Super Negro de Vilmar RodriguesCaptain Wondrous de Salva GN e Jack Lawton, esse último um personagem open source, ou seja, não possui copyrights, mas sim uma licença de uso.

Um outro exemplo é da personagem Mariza Martins, a Ya Lorixá de Esquadrão Vitória de Giorgio Galli, trata-se de uma homenagem aos Vingadores de Stan Lee e Jack Kirby, imaginado como se tivesse um grupo similar criado e publicado no Brasil nos anos 70, em 2017, Galli lançou a edição 100 e em 2021, lançou no Catarse Esquadrão Vitória - Especial Origens Secretas, Ya Lorixá é inspirada na Feiticeira Escarlate. Galli vende as HQs em seu próprio site. Galli se inspirou na série 1963 de Alan Moore.


Ya Lorixá  por Alex Genaro






Agradecimento ao Paulo Agria por apontar sobre as divindades de Wakanda e ao Lancelott Martins por me apresentar a história do Espectro, o que permitiu que eu atualizasse o texto.


Referências e leitura recomendada

Nei Lopes (2008). Historia e Cultura Africana e Afro Brasileira. Barsa Planeta

Contos de Òrun Àiyé é um projeto bacana de HQ no Catarse!


Mitos africanos e afro-brasileiros – o quanto cabem na cultura pop?


Vodu - Marvel Wikia


Gods of Wakanda - Marvel Wikia


Jericho Drumm (Earth-616) - Marvel Wikia


Gods of Africa - DC Wikia

African Gods (Loa, Orishas) - Marvel Universe: The Appendix!


Vodu (African Gods) - Marvel Universe: The Appendix!


Panther God - Marvel Universe: The Appendix!


Lion God - Marvel Universe: The Appendix

Jabari - Marvel Universe - The Appendix!

Santerians (Daredevil characters)


Storm (Millennial Visions)

Ashake (Marada character)

Ashake (Egyptian) (Earth-616)

Bast - Enciclopedia del Universo Marvel

Vodu - Enciclopedia del Universo Marvel

Orishas - DC Universe Guide


List of deities in Marvel Comics


Gods of Wakanda - Comic Vine

Shango - Comic Vine

Anansi - Comic Vine


Exú - HQ Quadrinhos


Superespecial: [Nuclear] 2ª série – de Pohzar ao Elemental


Contos de Òrun Àiyé: Orixás chegam ao Catarse



Os Negros nas Historias em Quadrinhos - Parte 1


Os Negros nas Historias em Quadrinhos - Parte 2


Os Negros nas Historias em Quadrinhos - Parte 3


Os Negros nas Historias em Quadrinhos - Parte 4


Turistando na África das Histórias em Quadrinhos


The marriage and divorce of Storm and Black Panther


Storm (Marvel Comics)- Wikipédia


Anansi (Race)


Personagem da Semana: Idie Okonkwo



Archetype:Orisha - Power Listing

Comentários

Lancelot disse…
Grande matéria!!! Importante abordagem sobre as divindades africanas e suas migrações para os Quadrinhos... Grato pela citação de EXÚ, meu personagem - adaptado do Candomblé.
The Fool disse…
Muito boa a matéria Quiof, com a proximidade da estreia do filme do Pantera Negra será que teremos mais deuses africanos aparecendo?
Quiof disse…
Pois é, engraçado que eu tinha ignorado Wakanda por ser mais fictícia, mas uma dica do Paulo Agria me mostrou que estava mexendo no cânone na série atual e o texto ficou oportunamente atual, aconteceu com outras postagens, mencionei algumas coisas que acabaram tendo notícias logo em seguida.
Quiof disse…
De nada, como usei alguns links seus, achei que podia mencionar junto com outros nacionais.