Cowboys negros do faroeste
Ilustração feita no Bing
Em filmes e quadrinhos de faroeste é muito comum ver homens brancos, índios de diversas etnias e até mexicanos, os negros eram raramente vistos, esse post não tem a pretensão de listar todos, mas dar alguns exemplos, para muitos, o único exemplo é Django do filme Django Unchained (2012), filme de Quentin Tarantino estrelado por Jaime Foxx, como em outras produções, o cineasta une duas de suas influência, o western spaghetti ou faroeste macarrônico italiano (de onde tirou o nome Django) e os filmes blaxploitations.
O faroeste surgiu em meados do século XIX após a Guerra Civil americana, a literatura popular nas revistas dime novels e posteriomente nas revistas pulps, mostravam versões romantizadas de personagens históricos (alguns deles ainda vivos) e fictícios. Um gênero deve muito a William Frederick Cody, o Buffalo Bill (1846-1917), suas histórias inspiraram o escritor Ned Buntline, que escreveu o romance, que daria origem a uma espetáculo teatral chamado The Scouts of the Prairie, após o espetáculo, Cody passou a viajar o país com outras apresentações, convidando outras pessoas que se tornariam conhecidas do faroeste como Jane Calamidade, Anne Oakley, Bill Pickett e Tom Mix.
O faroeste se tornou o gênero americano por excelência, com diversos cowboys atuando em filmes e séries infanto-juvenis (embora a violência fosse amenizada), além de diversos quadrinhos, a primeira, Young Buffalo Bill de Harry O'Neill foi lançada em 1928., o país que abraçou o faroeste como parte de sua cultura foi a Itália com os já citados Western spaguettis (que também sofreu influência dos filmes de samurai de Akira Kurosawa) e em quadrinhos, sendo a Sergio Bonelli Editore a principal editora, Tex Willer, cowboy criado por Gian Luigi Bonelli e Aurelio Gallepini, que é publicado ininterruptamente desde 1948. No Brasil, em menor grau, histórias ambientadas no Nordeste brasileiro tiveram influências do faroeste, sejam elas com cangaceiros ou não, termos como nordestern, western macaxeira, ou western feijoada podem ser utilizados (embora os dois últimos podem não se passar no Nordeste), as séries de rádios, Jerônimo, o Herói do Sertão, criação de Moysés Weltman para a Rádio Nacional e Juvêncio, o justiceiro do sertão, criação de Reinaldo Santos para a Rádio Piratininga, que teve quadrinhos pela editora Prelúdio (que também publicava cordéis), são dois exemplos dessa influência, sendo também adaptadas para quadrinhos.
Um exemplo histórico notável de cowboy negro é Nat Love (1854-1921), Love foi um ex-escravo que se tornou um cowboy, após participar de um rodeio em Deadwood, Território de Dakota, ganhou o apelido de Deadwood Dick, inspirado num personagem da literatura popular nos chamados dime novels, criado por Edward Lytton Wheeler, apesar do cowboy de Wheeler ser branco. Outras pessoas ficaram conhecidas como Deadwood Dick, o que confunde muita gente, um exemplo disso foi o seriado Deadwood Dick (1940) da Columbia Pictures, embora também não fosse uma adaptação das histórias de Wheeler, a produção foi criticada por não retratar o personagem como negro, o Deadwood Dick do seriado era um cowboy mascarado interpretado por Don Douglas e era parecido com outro cowboy lançado pelo estúdio no mesmo ano, Durango Kid, interpretado por Charles Starrett, que em 1945, voltaria numa série de filmes.
Love escreve uma autobiografia, Life and Adventures of Nat Love, Better Known in the Cattle Country as 'Deadwood Dick,' by Himself, publicada em 1907. Nela, afirma ter conhecido figuras históricas que foram abordadas na ficção como Pat Garrett, Bat Masterson e Billy the Kid.
Apesar de negros não aparecerem nos filmes de faroestes mais famosos, isso não significa que não marcaram presença nesse período conhecido como A Era de Ouro do Cinema americano (década de 1910 a 1960). Já na década de 1910, surgiram filmes para audiências negras, exibidos em circuitos menores, uma nomenclatura para esses filmes é race films, uma denominação pejorativa, vale lembra que a música negra era conhecida como Race Records, Antônio Carlos Gomes de Mattos usa o termo black cinema no seu livro A outra face de Hollywood: Filme B (Rocco, 2003), ele também é autor de Publique-se a Lenda: A História do Western (Rocco, 2004).
Bill Pickett (1870-1932), um famoso cowboy negro de rodeio, tendo participado do 101 Ranch Wild West Show que contou com as presenças Buffalo Bill, Will Rogers, Tom Mix (que também foi um cowboy dos cinemas), Bee Ho Gray e Zach e Lucille Mulhall; ele se apresentou com o nome "The Dusky Demon", talvez seja o primeiro astro negro de faroeste, protagonizou os filme The Bull-Dogger (1921) e The Crimson Skull (1922). Em usa homenagem ocorre o Bill Pickett Invitational Rodeo, um evento que percorre o país e que celebra os cowboys negros.
Outro cowboy negro da Era de Ouro foi Herb Jeffries (1913-2014), Jeffries foi um cantor de jazz, foi o equivalente dos cowboys cantores brancos, estrelou filmes Harlem on the Prairie (1937), Two-Gun Man from Harlem (1938), Rhythm Rodeo (1938), The Bronze Buckaroo (1939) e Harlem Rides the Range (1939).
A década de 1950 viu o surgimento do movimento de direitos civis que durou de 1950 a 1968.
Em 1950, surge o primeiro cowboy negro nos quadrinhos, The Chisholm Kid, criado por Carl Pfeufer para o Smith-Mann Syndicate e publicado no jornal afro-americano Pittsburgh Courier, a tira foi publicada até 1956, Carl Pfeufer tinha experiência em quadrinhos do gênero, desenhou quadrinhos do já citado Tom Mix (1880-1940), para Fawcett Comics de 1948 a 1953.
A Dell Comics é conhecida por quadrinhos licenciados, mas também publicou títulos sem, serem licenciado, é o caso de Lobo (1965-1966), escrita por Don "DJ" Arneson com desenhos de Tony Tallarico, além de ser o primeiro cowboy negro numa revista em quadrinhos, também foi o primeiro herói negro a ter uma revista própria, vale registrar que não foi a primeira revista dedicada a personagens negros, a All-Negro Comics (1947), criada pelo jornalista Orrin Cromwell Evans, que contou com histórias produzidas pelo irmão do jornalista, George J. Evans e John Terrel.
Na década de 1960, surge os filmes blaxploitation, diferente dos filmes da Era de Ouro, esses filmes eram lançados em grandes circuitos, tinha um elenco multirracial (os brancos geralmente eram vilões) e possuía uma trilha baseado em ritmos da época: soul, funk e R&B.
Em 1968, a série de TV The Outcasts (Os Violentos no Brasil) foi pioneira, era estrelada por um negro e um branco, na série Earl Corey (Don Murray), um ex-oficial confederado e Jemal David (Otis Young), um ex-escravo, a série foi criticada pela retratação dos negros e pela violência mostrada. A série foi cancelada no ano seguinte.
Também em 1969, o ator e ex-jogador de futebol americano Jim Brown estreou 100 Rifles, no ano seguinte, estrelou El Condor, em 1975, estrelou Take a Hard Ride, um filme italo-americano, com forte influência dos spaguettis, tanto em El Condor, quando em Take a Hard Ride, atou com Lee Van Cleef.
Em 1972, a Marvel Comics lança a revista Gunhawks, com as histórias da dupla Kid Cassidy, um branco e Reno Jones, um ex-escravo negro, ambos lutando pelo lado confederado (embora o lado confederado fosse escravista), criados por Gary Friedrich (roteirista) e Syd Shores (desenhista), veteranos de histórias de faroeste da editora. Na sexta edição, Cassidy é morto, a revista passa a se chamar Reno Jones, Gunhawk na edição seguinte, contudo, essa foi a última edição. Na década de 2000, a dupla reaparece na minissérie em quatro edições Blaze of Glory: The Last Ride of the Western Heroes com roteiros de John Ostrander e desenhos de Leonard Manco. Nessa minissérie é dito que a HQ de 1972 na verdade era uma história publicada em dime novels, com Reno sendo criado com escravo na fazendo de Cassidy, a minissérie explora outros personagens do gênero da editora como Cavaleiro Fantasma, Apache Kid, Rawhide Kid, Outlaw Kid, Kid Colt e Two-Gun Kid.
Em 1975, foi lançada na Nigéria, a revista Powerman, uma parceria da agência de publicidade nigeriana Pikin Press com a britânica Bardon Press Features, as histórias eram produzidas por artistas britânicos, o personagem título é um super-herói negro similar ao Capitão Marvel americano, foi com roteiros de Don Avenall e Norman Worker e desenhos de Dave Gibbons e Brian Bolland, como complemento, tinha The Black Star, com as histórias do cowboy Jango, desenhado por Eric Bradbury e Ron Tiner.
Em 1981, o roteirista Júlio Emílio Braz criou Cyprus Hook, ex-soldado negro do Norte dos Estados Unidos que mata o o seu oficial comandante racista. O personagem estreou em Histórias do Faroeste (outubro de 1981), da Editora Vecchi, e mais tarde ganhou uma edição única pela Press Editorial (1987). O próprio roteirista é negro, sendo um caso raro entre os exemplos que mostrei aqui.
Recentemente, outro negro que viveu no Velho Oeste foi redescoberto, Bass Reeves (1838-1910) que foi interpretado por Harry Lennix em They Die by Dawn (2013), também tem sido tema de faroeste, já tinha falando sobre Reeves em outra postagem, já que muitos dizem ser inspiração para The Lone Ranger, também conhecido como Zorro ou Cavaleiro Solitário no Brasil. Após a publicação do livro Black Gun, Silver Star: The Life and Legend of Frontier Marshal Bass Reeves (2006) de Art T. Burton, se tornou um delegado do United States Marshals Service do do estado de Oklahoma, Reeves teria vivido um tempo com índios e cavalgava um cavalo cinza (quase branco). Afirmava ter prendido 3000 criminosos e matado 14, contudo, como em várias histórias do Velho Oeste, há muitas lendas que podem não descrever a realidade. Desde a publicação do livro, a associação com Lone Ranger tem sido feita, porém, essa teoria é contestada pelo historiador Martin Grams, Jr., não há nenhum registro que George W. Trendle e Fran Striker tenham se inspirado no delegado Reeves. Em 2018, Grams publicou o livro Bass Reeves e The Lone Ranger: Debunking the Myth.
A editora americana Airship 27 publico uma antologia de histórias sobre Reeves, escritas por Gary Phillips, Mel Odom, Andrew Salmon, Derrick Ferguson, Milton Davis e Michael Black, capa de Marco Turini e ilustrações de Rob David.O primeiro volume foi publicado em 2015 e o segundo em 2017.
Reeves aparece em produções de cinema e TV: Em 2010, no filme Bass Reeves, interpretado por James A. House, em 2015, no episódio Bass Reeves - The Real Lone Ranger de Gunslingers (Pistoleiros numa tradução literal), foi interpretado por Joseph Curtis Callender, o escritor Art Burton aparece como ele mesmo dando um depoimento, no mesmo ano, a série Legends and Lies: The Real West apresentou um episódio com o mesmo título, com D.L. Hopkins interpretado Reeves. Em 2017, aparece no episódio The Murder of Jesse James da série de viagem do tempo Timeless da CBS, interpretado por Colman Domingo, os viajantes do tempo fazem alusão a Lone Ranger e Tonto. No curta Lawman, interpretado Tory Kittles e na episódio Everybody Knows de Wyonna Earp, interpretado por Adrian Holmes.
Love aparecem em alguns produções de cinema e TV, na minissérie The Wild West de 1993, Laurence Fishburshe fornece a voz pro personagem. No telefilme de comédia The Cherokee Kid (1996), estrelada por Sinbad, Nat Love é interpretado por Ernie Hudson. No filme They Die by Dawn (2013), Love é interpretado por Michael Kenneth Williams, no filme há outros afro-americanos históricos, Bill Pickett, interpretado por Bokeem Woodbine, Stagecoach Mary, interpretada pela cantora Erykah Badu e Bass Reeves, interpretado por Harry Lennix.
Em 2012, Nat Love protagoniza histórias na graphic novel Best Shot in the West: The Adventures of Nat Love pela Chronicle Books, escrita pelo casal afro-americano Fredrick L. McKissack Jr. (1939-2013) e Patricia C. McKissack (1944-2017) com desenhos do também afro-americano Randy DuBurke.
O prolífico escritor Joe R. Lansdale publicou livros sobre Love: a novela Black Hat Jack: The True Life Adventures of Deadwood Dick as told by His Ownself (, Subterranean Press, 2014) e o romance Paradise Sky (Mulholland Books, 2015), além das noveletas Hide and Horns publicado na antologia Subterranean Online (Subterranean Press, 2009) e Soldierin' publicada em Warriors (Tor, 2010).
Em 2014, o quadrinhista afro-americano Joel Christian Gill, publicou pela Fulcrum Publishing, Bass Reeves: Tales of the Talented Tenth No.1, sendo Talented Tenth, uma série sobre personagens afro-americanos históricos.
Em 2017, a editora Mursi Comics lançou a HQ digital Bass Reeves: Justice Unforgiven, uma história steampunk de Ezili Oba.
Ainda em 2017, a editora francesa Delcourt publica Marshal Bass dos croatas Darko Macan (roteiro) e Igor Kordey (desenhos). Claramente inspirada no Bass Reeves, mas é um personagem fictício com o nome parecido, River Bass é o primeiro U. S. Marshall, sendo negro, Bass se infiltra numa gangue de ex-escravos. Até o momento, foram publicado três álbuns
Ainda em 2017, a editora francesa Delcourt publica Marshal Bass dos croatas Darko Macan (roteiro) e Igor Kordey (desenhos). Claramente inspirada no Bass Reeves, mas é um personagem fictício com o nome parecido, River Bass é o primeiro U. S. Marshall, sendo negro, Bass se infiltra numa gangue de ex-escravos. Até o momento, foram publicado três álbuns
Em 2016, foi lançada uma nova versão de Sete Homens e um Destino (The Magnificent Seven), o filme original de 1960 era uma versão faroeste de Os Sete Samurais de Akira Kurosawa (1954), na versão de 2016, o Oeste americano é retratado de forma mais plural, com o grupo tendo como membros: um negro, um mexicano, um índio comanche e um oriental. O ator Denzel Washington interpreta o US. Marshal Sam Chisolm, no TV Tropes, os editores apontam semelhanças entre Chisolm e Bass Reeves.
Lobo foi revivido na antologia All-New Popular Comics, lançada em 2017 pelas editoras InDELLible Comics (uma alusão a Dell Comics) e Amazing Things Press, é dito que a antologia tem personagens que entraram domínio público publicados pela Dell como Kona (um tarzanide), um supergrupo chamado Fab Four, além de novos personagens, Lobo aparece em uma história escrita por Dave Noe com desenhos de Robert Schaupp. A capa foi assinada por Steve Butler (o mesmo que ilustrou o Amazing Man para a Gallant Comics) com colaboração de sua filha Lilly Butler.
Em 2018, as editoras lançam antologias de contos com diversos personagens, Fantastic 4N1, com uma novela escrita por David Noe, a capa é de CoInk Adink e a contracapa com Lobo por Robert Schaupp.
Em, InDELLiprose, na novela Kansas Jack, escrito por Terry Alexander com ilustrações de Paul Tuma, Lobo se encontra com Bass Reeves.
Em, InDELLiprose, na novela Kansas Jack, escrito por Terry Alexander com ilustrações de Paul Tuma, Lobo se encontra com Bass Reeves.
Em 2020, a editora Allegiance Arts lançou uma HQ de Bass Reeves, com roteiros de Kevin Grevioux e desenhos de David Williams.
Em 2018, a Sergio Bonelli Editore resolveu licenciar as histórias de Lansdale na série Deadwood Dick do selo Audace (uma alusão ao primeiro nome da editora Redazione Audace), a editora convocou uma equipe de autores com experiência em faroeste da editora: os roteiristas Michele Masiero (Mister No - Una storia del west (Special n. 15), embora a série se passe no século XX) essa história tem influência do faroeste), Maurizio Colombo (Zagor) e Mauro Boselli (Tex, Zagor) e os desenhistas Corrado Mastantuono (Tex, Mágico Vento), Pasquale Frisenda (Tex, Mágico Vento e Ken Parker, embora esse últimos pertença aos criadores Giancarlo Berardi e Ivo Milazzo.) e Stefano Andreucci (Tex, Zagor).
Em agosto de 2019, um primeiro volume intitulado Deadwood Dick Vol 1. Negro como a noite, vermelho como sangue foi publicado pela Panini brasileira.
Em agosto de 2019, um primeiro volume intitulado Deadwood Dick Vol 1. Negro como a noite, vermelho como sangue foi publicado pela Panini brasileira.
Capa e arte de Deadwood Dick #1, setembro de 2019, arte de Corrado Mastantuono
Em junho de 2020, foi anunciado um álbum de Lucky Luke (o cowboy satírico criado por Morris) por Achdé e Jul, o álbum aborda o racismo e conta com participação de Bass Reeves.
Em 2021, a Netflix lançou o filme Vingança & Castigo (The Harder They Fall), dirigido e coescrito por Jeymes Samuel e produzido pelo rapper Jay-Z, o filme tem Jonathan Majors como Nat Love, Idris Elba como Rufus Buck Zazie Beetz como Stagecoach Mary, Regina King como Trudy Smith, Delroy Lindo como Bass Reeves,
De acordo com a sinopse: Querendo vingança, o bandido Nat Love reúne seu bando para derrotar o impiedoso Rufus Buck, um criminoso que acabou de sair da prisão.
Fontes e referencias
Antônio Carlos Gomes de Mattos, Filmes étnicos, o cinema negro e o cinema ídiche in. A outra face de Hollywood: Filme B (Rocco, 2003)
Bill Pickett - Wikipédia em inglês
Herb Jeffries - Wikipédia em inglês
Race film - Wikipédia em inglês
Nat Love - Wikipédia em inglês
Life and Adventures of Nat Love, Better Known in the Cattle Country as "Deadwood Dick," by Himself; a True History of Slavery Days, Life on the Great Cattle Ranges and on the Plains of the "Wild and Woolly" West, Based on Facts, and Personal Experiences of the Author
Bass Reeves - Wikipedia em inglês
All-Negro Comics: Pioneirismo negro nos quadrinhos dos anos 40!
They Don't Make 'Em Like That Any More--Or Do They? InDELLible Comics' Popular Comics
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Luiz Santiago
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