Kaijus europeus e as histórias em quadrinhos


No outro blog, falei da influência de King Kong na cultura pop japonesa, sobretudo no surgimento do Godzilla.



Ambos os filmes também influenciaram dois outros filmes lançados em 1961, todos filmes europeus coproduzidos nos Estados Unidos, como o leitor habitual do blog já sabe, gosto de destacar terminologias, o primeiro deles é mockbuster, termo usado para filmes de baixo orçamento que imitam algum outro blockbuster (de grande orçamento), o outro é novo, o blog Maser Patrol para diferenciar os monstros gigantes japoneses (kaijus), criou gaiju, um misto de gaijin (estrangeiro) e kaiju. 



Os três filmes abordados são: Konga, uma coprodução britânica-americanada produtora Anglo-Amalgamated Productions, dirigido por John Lemont, produzido por Herman Cohen, Nathan Cohen e Stuart Levy com roteiros do próprio Herman Cohen e Aben Kandel, lançado em janeiro de 1961, distribuído pela Anglo Amalgamated (hemisfério oriental) American International Pictures (hemisfério ocidental), Reptilicus, lançado em fevereiro de 1961, o filme é uma produção dinamarquesa-americana do Saga Studios, dirigido por Poul Bang (versão dinamarquesa) e Sidney W. Pink (versão americana), escrito por Ib Melchior e Sidney W. Pink e Gorgo, distribuído pela American International Pictures (Estados Unidos) e Saga Studios (Dinamarca), outro filme britânico-americano da produtora King Brothers Productions, dirigido por Eugène Lourié, produzido por Frank King e Maurice King, com roteiro de Robert L. Richards, lançado nos Estados Unidos no dia 29 de março de 1961 e no Reino Unido 27 de outubro de 1961, distribuído pela Metro-Goldwyn-Mayer nos Estados Unidos e pela British Lion-Columbia Ltd no Reino Unido. Konga era um bebê chimpanzé africano que se torna um símio gigante após um ingeriu um soro criado por um cientista britânico. Reptilicus era um réptil gigante encontrado por mineiros numa região gelada da Lapônia, recuperado por uma equipe científica, é levado para uma um aquário em Copenhague na Dinamarca, onde acaba despertando...

Gorgo era um monstro similar a um dinossauro de uma ilha irlandesa, cujo nome era inspirado em Górgona, uma criatura da mitologia grega, representada por uma mulher com cabelos de serpentes, a mais famosa das Górgonas é Medusa, além de Gorgo, aparece sua mãe, Orga.












Vale lembrar que no ano seguinte, foi lançado o filme King Kongs vs Godzilla da japonesa Toho.

O filme Gorgo também inspirou um filme japonês, Daikyojû Gappa da produtora Nikkatsu, lançado em 1967. Além da mãe, o pai de Gappa também aparece atrás do bebê gigante.


A editora Monarch lançou romantizações dos filmes, Gorgo por Carson Bingham por Konga e Reptilicus escritas por Dean Owen. As capas ilustram o iniciou do post.





Os quadrinhos

No final da década de 1950 e início de 1960, Stan Lee (roteiros),  Steve Ditko (cocriador do Homem-Aranha) e Jack Kirby (desenhos) criaram monstros gigantes para revista da Atlas, que a partir de 1958, passou a se chamar Marvel Comics, muitos desses monstros seriam reintroduzidos no chamado universo Marvel (assim como aconteceu com os mutantes anteriores aos X-Men).



Capa de Monster Masterworks, 1989, arte Walt Simonson, a publicação traz uma reedição de monstros kaijus da Marvel do início dos anos 60 por Jack Kirby, Steve Ditko, Dick Ayres e Bill Everett.

Em 1960, antes mesmo dos filmes serem lançados, a editora americana Charlton Comics obtém licença para publicar Gorgo e Konga, as revistas tiveram roteiros de Joe Gill, cocriador do Judomaster para a mesma Charlton, Gorgo teve a primeira revista publicada ainda em 1960, com uma capa arte-finalizada por Dick Giordano, o roteirista dessa primeira edição não foi identificado, mas acreditasse que possa ser do próprio Joe Gill, a edição teve desenhos de Steve Ditko, Charles Nicholas Wojtkowski  com arte-final de Sal Trapani (ambos assinando como ChaSal), Rocke Mastroserio e arte-final Vince Alascia. Konga teve lançamento em junho de 1960, a equipe era a mesma da revista de Gorgo (com a adição do desenhista Bill Molno). A segunda edição de ambas as revistas saíram em agosto de 1961, quando também foi lançada uma revista de Reptilicus.

Em setembro de 1961 é lançada a terceira edição de Gorgo, no mês seguinte, é lançada a terceira edição de Konga e a segunda e última de Reptilicus, a Charlton segue com a licença de Gorgo e Konga, mas resolve reaproveitar a numeração de Reptilicus e a partir da terceira edição publicada em janeiro de 1962, a revista passa a se chamar Reptisaurus, com a uma nova criatura de mesmo, criada por Joe Gill e Bill Molno. Reptisaurus não durou muito, indo até a edição 8 (dezembro de 1962), no Verão americano (o equivalente ao Inverno do Hemisfério Sul), foi publicada Reptisaurus Special Edition. Gorgo e Konga tiveram cada uma 23 edições, Gorgo acabou em setembro de 1965 e Konga em novembro do mesmo ano, além disso, ambos tiveram minisséries de três edições chamadas Gorgo's Revenge (rebatizada como The Return of Gorgo) e Konga's Revenge, ambas de 1963, enquanto Reptisaurus teve um crossover com Gorgo em Gorgo #12 (), uma história desenhada por Joe Sinnott com arte-final de Vince Colletta, ambos arte-finalistas de Jack Kirby na Marvel. Em setembro de 1966, a editora publicou Fantastic Giants #24, uma revista que pega a numeração das revistas de Konga e Gorgo, a publicação trouxe histórias individuais dos monstros, mas não teve um crossover.




  




No Brasil, foram publicadas apenas quadrinizações dos filmes na revista Cinemin da EBAL, na edição 34, foi publicada a história de Konga (Konga #4,  e na edição 35 foi publicada a história de Gorgo (Gorgo #1), ambas ilustradas por Ditko. Cinemin era uma das derivadas da Edição Maravilhosa, que começou publicando quadrinizações de histórias da literatura mundial das revistas Classic Illustrated e Classic Comics da Gilbertson, até começar a publicar quadrinizações de literatura brasileira com O Guarani de José de Alencar, adaptado por André LeBlanc, haitiano que trabalhou nos mercados brasileiro e americano. Entre 1982 e 1993, o título Cinemin foi usado numa revista informativa sobre cinema, dentre os colunistas estava Antônio Carlos Gomes de Mattos, responsável pelo site Histórias de Cinema.

A Editormex ou Ediex, publicou uma versão fotonovelas em Ultra Ciência #19 (Gorgo) e Ultra Ciência #26 (Konga).









Em 1990, em Web of Spider-Man Annual #6, foi publicada a história Child Star, escrita por Tony Isabella e desenhada por Ditko, nela o Capitão Universo cria versões gigantes de brinquedos de Gorgo e Konga, para evitar problemas com direitos autorais, os nomes são alterados para Gorga e Konga.



Em 1991, a editora canadense A-Plus Comics publica Attack of the Mutant Monsters, onde reproduz as histórias da primeira e da terceira edição de Gorgo, também para evitar problemas legais, chama de Kegor. Atualmente, essas histórias da Charlton são consideradas de domínio público, uma vez que não foram renovadas, assim, republicações começaram a aparecer, de 2002 a 2005, a editora Pure Imagination de Greg Theakston publicou três edições de Steve Ditko Reader, contendo histórias produzidas por Ditko  que estão em domínio público, dentre elas, as de Gorgo e Konga, em 2011, publicou o encadernado Angry Apes 'n' Leapin' Lizards Steve Ditko, contendo 160 páginas de histórias de Gorgo e Konga por Ditko.

Em 2009, foi lançado um telefilme de baixo orçamento de Reptisaurus, dirigido por Christopher Ray, com roteiro de Jeremiah Campbell, o filme é uma produção do estúdio The Asylum, conhecido por filmes baratos, o filme foi estrelado por Gil Gerard (conhecido pelo papel de Buck Rogers, outra produção para a TV).

Em 2012, a Scary Monsters Magazine republicou as histórias de Reptisaurus em Scarysaurus the Scary (142 páginas).

Em 2013, a IDW Publishing  e o selo Yoe! Books do quadrinista, editor e pesquisador Craig Yoe, publicou Steve Ditko's Monsters: Gorgo (208 páginas) e Steve Ditko's Monsters: Konga (302 páginas)



Em 2016, a  Gwandanaland Comics, publicou pela CreateSpace da Amazon.com, Reptisaurus: Gwandanaland Comics # 3, contendo todas histórias de Reptisaurus, inclusive o crossover com Gorgo.

Fontes e referências

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